Família – EducaTech.pt https://www.educatech.pt Literacia Digital para Professores Thu, 26 Mar 2020 10:17:56 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 https://i0.wp.com/www.educatech.pt/wp-content/uploads/2018/11/cropped-Ico.png?fit=32%2C32&ssl=1 Família – EducaTech.pt https://www.educatech.pt 32 32 157763028 Dicas para criar uma Newsletter para as famílias https://www.educatech.pt/dicas-para-criar-uma-newsletter-para-as-familias/ https://www.educatech.pt/dicas-para-criar-uma-newsletter-para-as-familias/#respond Wed, 25 Mar 2020 22:53:09 +0000 https://www.educatech.pt/?p=2496 Uma pergunta: partilhas informações com as famílias durante o ano letivo?

Esta comunicação está normalmente associada ao/à Diretor(a) de Turma ou ao/à Professor(a) Titular de Turma. Por várias razões, são raros os casos onde um professor tem como opção comunicar de forma frequente com os Pais e EE, de uma forma geral sobre o que vai acontecendo na turma do(s) seu(s) educando(s), nomeadamente as atividades realizadas no âmbito da(s) disciplina(s).

Para quem não conhece o funcionamento habitual das escolas poderá parecer má vontade ou despreocupação dos professores. Não é essa a minha opinião. O mau estado da relação entre Ministério da Educação e professores, associado à acumulação de funções e a burocratização do sistema impede, efetivamente, que os professores consigam ocupar-se e aproximar-se dos seus alunos. Não tenho dúvidas!

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Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Portanto, se este trabalho individual é muito difícil de se conseguir, talvez no núcleo de um Conselho de Turma (dividindo tarefas) fosse possível criar algumas rotinas de comunicação sobre o que de bem/bom se faz nas escolas. Muitas vezes essa parte essencial não consegue ter visibilidade na opinião pública, que tem nos Pais e Encarregados de Educação a sua grande maioria.

Para a comunicação da turma com os Pais, as Newsletters podem ser uma ótima solução. Seria muito interessante que se conseguisse criar um documento com informações sobre as atividades realizadas na escola, nomeadamente nas salas de aula, especialmente realçando os melhores aspetos desta realidade.

Essa nota informativa poderia incluir algumas histórias de sala de aula, alguns detalhes sobre os eventos da turma e da escola, dicas de como os pais poderiam ajudar no crescimento académico das crianças e jovens, informações sobre as regras da escola que devem ter continuidade em casa, informações sobre segurança na internet, alimentação saudável, entre muitos outros possíveis exemplos.

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Numa perspetiva ecológica, as ferramentas atuais podem facilitar a criação da newsletter de forma colaborativa com os alunos e professores da turma, sem recurso ao papel. Uma sugestão poderá ser a rentabilização da disciplina de TIC para dinamizar e criar o desenho gráfico e alguns conteúdos deste documento a enviar para os pais.

Por serem digitais, estas newsletters conseguem chegar facilmente às famílias, podendo ser vistas diretamente nos telemóveis. Para além disso, podem proporcionar uma experiência mais interativa e dinâmica do que uma folha de papel, através da possibilidade de conjugação de vários elementos multimédia. As ferramentas digitais para a criação também estão cada vez mais intuitivas e simples.

Algumas dicas para a criação de uma newsletter para os pais

1. É importante escolher uma boa ferramenta

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Existem diferentes formas de criar newsletters digitais. Pode ser feita com um processador de texto, de forma simples, sem grande preocupação com o design gráfico, ou com uma aplicação que, a partir de modelos, nos permite criar algo com um resultado profissional.

2. Definir objetivos para a Newsletter

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Quando decidimos elaborar um documento deste género, é importante definir a periodicidade (semanal, mensal, trimestral…), a estrutura e os conteúdos que serão enviados por este meio. Esta planificação ajuda a poupar tempo e esforço na hora da criação. Vale a pena sintetizar o que se pretende com cada documento criado: Queres mostrar uma galeria de fotos com trabalhos dos alunos? Ou enviar um conjunto de links para os pais? Formato digital e/ou analógico? Os alunos terão responsabilidades? Que tipo de artigos? Como interagir com os pais? Pedir sugestões? Entre muitos outros.

3. Capturar informações de forma continuada

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Esta é uma rotina que teremos de assimilar para que o trabalho seja mais completo e não nos cause surpresas. E quando se fala em evidências, as tecnologias permitem capturá-las facilmente. Depois de definido plano, o professor e/ou os alunos poderão assumir a responsabilidade de documentar (smartphone/iphone – fotos ou vídeos) cada evento, especialmente os que foram selecionados para a Newsletter. Se este trabalho for feito gradualmente, com organização, tudo fica mais simples. E os alunos podem (e devem) ter um papel importante.

4. Convidar os alunos a fazerem parte deste processo

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A colaboração dos alunos na captura dos eventos, na partilha de uma história ou algum artigo para a newsletter pode ser uma grande ajuda. Isto não só facilita o trabalho de elaboração do documento, como também responsabiliza os alunos e dá visibilidade do seu trabalho junto da família. Havendo fotografias dos alunos deves solicitar sempre a autorização dos Encarregados de Educação para este fim.

Criar a Newsletter com que ferramenta?

As opções são muitas. Na escolha devemos optar pela ferramenta que nos simplifique a vida, permita criar um documento visualmente atrativo, mas, especialmente, que disponibilize a possibilidade de construção colaborativa.

Em qualquer uns dos casos, especialmente nos modelos já preparados, importa referir que poderás adicionar as tuas próprias fotografias, objetos e textos.

Dito isto, trago hoje quatro possibilidades/sugestões:

Microsoft Word

O processador de texto da Microsoft é, talvez, uma das ferramentas mais utilizadas pelos professores. Por isso, aproveitá-la para este fim pode ser uma oportunidade. De qualquer forma, podem surgir os seguintes obstáculos: “Eu não sei como criar uma Newsletter” ou “não tenho muito jeito para criar documentos com design bonito”. Não é o fim do mundo, o Word disponibiliza alguns modelos quase prontos para utilizar livremente.

Ao criar um novo documento podes escolher a opção NOVO

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E pesquisar, por exemplo por Newsletter ou Boletim.

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Estes modelos também estão disponíveis online, no site da Microsoft:

Microsoft Templates
https://templates.office.com/en-us/newsletters

A partir da aplicação gratuita do Office365 o documento pode ser partilhado com os alunos ou com outros professores. Assim poderão criar a Newsletter de forma colaborativa.

O documento pode ser disponibilizado através de um link a partir do One Drive ou Google Drive, enviado em formato pdf ou, eventualmente, numa versão impressa.

Canva

A aplicação Canva funciona como um “canivete suíço” para os professores. Os modelos de Newsletter ou boletins para a educação são inúmeros, o difícil será escolher.

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A aplicação Canva permite utilizar gratuitamente todas as templates. Com custo existem alguns conteúdos (imagens, objetos, etc…) mas que não são de utilização obrigatória.

Os documentos do Canva são partilháveis com outros utilizadores, sendo possível criar equipas de trabalho através de convite.

A partilha com os pais pode ser feita diretamente no Canva através de um link ou ser feito o download em formato pdf ou numa versão impressa.

Uma excelente opção.

Adobe Spark Page/Microsoft Sway

Um formato diferente, mas igualmente interessante, para a criação de uma Newsletter na escola (disciplina, turma ou escola). Estas aplicações gratuitas permitem que os professores criem uma página web diretamente no browser. É uma excelente ferramenta de design e de fácil utilização.

Para além das imagens e textos, estas aplicações permitem a incorporação de vídeos do YouTube e links para outras páginas para que possam partilhar histórias escolares e recursos online com os pais. Depois de finalizada a Newsletter, é disponibilizado um link que pode ser partilhado com as famílias.

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https://sway.office.com/
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https://spark.adobe.com/

Um blogue – WordPress

A utilização de blogues para trabalhos com as turmas é muito comum nas escolas. E continua a ser uma ferramenta poderosa para partilhar com os pais as novidades e atividades da turma. Apesar de ter uma utilização relativamente simples, principalmente nas versões mais recentes, exige alguns procedimentos para a criação gratuita e respetiva configuração inicial. Pode ser configurado com uma template adaptada à Educação, em especial ao formato de Boletim Informativo e atualizado por vários utilizadores/editores. O endereço do blogue é a forma de partilha das notícias/posts publicados. Por ser totalmente online, possibilita a inclusão de inúmeros elementos multimédia e aplicações interativas.

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fonte: https://pplware.sapo.pt/

Finalmente, faz um plano para partilhar

Depois de criar a Newsletter , é importante ter a certeza de que chega às “mãos” das famílias.

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Podem ser várias as opções de envio. De uma forma mais privada, podes enviar por email para os Pais e Encarregados de Educação. Se já utilizas uma plataforma (Google Classroom, Moodle, Edmodo, ClassDojo, etc…) onde os Pais também já estão inscritos, bastará adicionar a ligação ou o ficheiro da Newsletter. Se utilizas as redes sociais ou Whatsapp para ter um grupo de comunicação com os pais podes usar este meio para realizar o envio.

Outro opção de partilha é associar o link da newsletter a um código QR. Pode imprimir o código em papel e anexá-lo na caderneta do aluno (os mais novos) ou diretamente aos alunos mais velhos que irão entregar aos pais. As famílias podem digitalizar o código QR com o smartphone/tablet para aceder à newsletter online.

Por último, e em último caso, a impressão da Newsletter é também uma forma de fazer chegar as informações às famílias.

Fica a sugestão.

Fonte dos ícones utilizados: https://www.iconfinder.com/

Créditos da imagem de destaque

Imagem de Mediamodifier por Pixabay

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5 Ferramentas para comunicar com as famílias https://www.educatech.pt/5-ferramentas-para-comunicar-com-as-familias/ https://www.educatech.pt/5-ferramentas-para-comunicar-com-as-familias/#respond Thu, 04 Apr 2019 22:34:50 +0000 http://demo.themeruby.com/innovation_default/?p=873

O trabalho de comunicação com as famílias é uma das tarefas mais complexas, demoradas, difíceis, mas, no meu ponto de vista, mais importantes nas escolas. Também é fácil perceber que os meios tradicionais de comunicação tornam esse contacto cada vez mais difícil.

Nesta, como em muitas outras áreas, é importante aproveitar as novas tecnologias para tornar a comunicação mais rápida e eficiente. Se associarmos a esta comunicação a possibilidade de automatizar alguns procedimentos, deixando mais tempo livre, a decisão pode tornar-se mais simples.

Apesar de existirem algumas opiniões contrárias sobre esta necessidade, e de nem sempre esta relação ser a mais saudável, como educadores sabemos que é fundamental que exista comunicação com as famílias ao longo do ano letivo.

Criar e manter canais de comunicação abertos e informar as famílias do processo de aprendizagem do seu educando é um grande desafio para a escola e, especialmente, para os professores.

Sinceramente, enquanto professor, continuo a achar que o email é uma excelente ferramenta de comunicação, que permite incluir todo o tipo de documentos e é utilizado por uma grande percentagem dos Pais e Encarregados de Educação. De qualquer forma, sei que atualmente, existem aplicações mais completas e acessíveis.

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Todos sabemos que, de um modo geral, neste momento os smartphones/iphones são os equipamentos onde está concentrada a atenção. Na maioria dos países desenvolvidos, e em desenvolvimento, poucas serão as famílias que não têm pelo menos um. Portanto, creio que é importante aproveitar esta realidade para conseguir uma maior aproximação.

Sem abordar as questões da forma, nem dos conteúdos dessa comunicação, saliento apenas que, enquanto Professores/Educadores, e também como Pais e Encarregados de Educação, devemos analisar de forma criativa as possibilidades e vantagens de existir uma comunicação consistente com as famílias.

5 Ferramentas para comunicar com as famílias

Remind

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Esta ferramenta de produtividade para professores permite o envio de mensagens e facilita a gestão dos contactos com os alunos e com as famílias. Através das diversas potencialidades é possível criar modelos de mensagens que serão enviadas em tempo real ou com agendamento e que podem ser lidas como SMS num telemóvel ou no aplicativo Remind num Smartphone/Iphone. As mensagens poderão incluir ficheiros e/ou links de interesse.

SeeSaw

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Esta é um aplicativo de gestão de sala de aula virtual e também funciona como portefólio digital do aluno. As famílias podem acompanhar o trabalho e o progresso dos alunos ao longo do ano. Na versão grátis desta plataforma é possível rentabilizar várias aplicações, nomeadamente a comunicação bidirecional com os Pais e Encarregados de Educação.

Kinvolved

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Este aplicativo web e móvel de atendimento que ajuda Pais e Encarregados de Educação a manter contacto com os professores e com a escola, no sentido de garantir que os seus filhos são assíduos e pontuais. Na versão gratuita é fácil criar um mecanismo de centralização de comunicação entre a escola e a família. Ferramenta interessante para auxiliar a troca de informações numa altura em que o tempo é escasso para as Famílias e para os professores.

ClassTag

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Plataforma que promete transformar a forma de comunicação com as famílias, poupar tempo e ainda oferece um conjunto de suplementos para o trabalho com a turma. Permite o envio e agendamento de mensagens, anexo de ficheiros, conversões de formatos e a possibilidade de tradução para mais de 50 idiomas. Funciona em múltiplas plataformas e equipamentos. Uma excelente opção!

ClassDojo

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Esta é uma ferramenta conhecida por alguns professores pelas suas potencialidades de gestão de uma sala de aula virtual. Para além dessas vantagens, possui ótimas opções para manter os pais informados de forma assídua. Juntar o útil ao agradável não está ao alcance de todas as aplicações.

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Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Se consideras que esta tarefa pode melhorar o relacionamento com a família e contribuir para melhorar o progresso dos alunos, a escolha do aplicativo terá de ser feita por ti. Depois de testar cada ferramenta, com base nas funcionalidades, simplicidade de gestão e configuração e também de utilização, deves tentar criar uma turma de teste para começar a criar rotinas na comunicação.

Conheces outras aplicações? Conta-nos a tua experiência!

Boas comunicações!

Créditos da imagem em destaque

Imagem de Muhammad Ribkhan por Pixabay

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Impactos da Internet nas famílias https://www.educatech.pt/impactos-da-internet-nas-familias/ https://www.educatech.pt/impactos-da-internet-nas-familias/#respond Thu, 07 Feb 2019 22:02:15 +0000 http://demo.themeruby.com/innovation_default/?p=782

A tecnologia aproxima quem está longe e distancia quem está perto.

Autor desconhecido.

Quero começar este post com uma convicção: A Internet é uma excelente ferramenta. Como já referi, talvez uma das maiores e melhores invenções, que contribui para um crescimento do conhecimento, da interação e da comunicação. O problema não está na Internet, está nas pessoas e, tal como em outras tecnologias, a forma como é utilizada marca a diferença.

Uma questão de velocidade!

A grande diferença da Internet para outras tecnologias está relacionada com a velocidade da transformação entre a inexistência e a massificação. Apesar de a Internet ter dado os primeiros passos na década de 70 do século passado, no meu ponto de vista, o momento da viragem coincide com o aparecimento dos Sistemas Operativos gráficos, multitarefa e multimédia. Os meados dos anos 90 marcam a explosão da Internet, ainda muito longe do que é atualmente.

Significa que o crescimento exponencial se deu numa velocidade impensável, em menos de 25 anos temos uma tecnologia ao alcance de uma enormíssima percentagem da população (em especial nos ditos países de desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento).

Paralelamente aos equipamentos necessários para a sua utilização, provavelmente não se conhece nenhuma outra tecnologia que tenha tido este crescimento tão rápido em alcance (mais de 55% da população mundial), é algo impressionante. Segundo o site mundial de estatísticas sobre a utilização da Internet (https://www.internetworldstats.com), o crescimento do número de utilizadores foi quase de 1100% entre 2000 e 2018.

E poderia dizer que não imaginamos como será daqui a 25 anos. No entanto, tendo a consciência de que com a Internet a rapidez da criação de novos conhecimentos também cresceu em larga escala, prefiro dizer que não sabemos como irá ser daqui a 5 ou 10 anos.

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Tecnologias: O terror das famílias e dos professores?

Como é natural neste tipo de mudanças rápidas, os impactos são sentidos na mesma proporção. E a adaptação para a grande parte dos pais, avós e professores (que viveram grande parte das suas vidas num contexto totalmente diferente, pode ser muito dolorosa e difícil.

Entender as rotinas, os hábitos, as crenças e os valores destas crianças e jovens é um grande desafio!!! O choque intergeracional é muito intenso, podendo gerar confusão e, acima de tudo, conflito.

A maneira como os nativos digitais lidam com a tecnologia é totalmente distinta de quem não o é. Para eles a vida sem tecnologias nunca existiu, é algo que não faz sentido. Mas isso não os transforma em inadaptados, inúteis ou fúteis, apenas são diferentes e continuam a ser, na sua essência, seres humanos totalmente normais.

Não gosto de ter memória curta, porque apesar de pertencer à famosa Geração Rasca, sem futuro, consigo perceber agora que uma boa parte dessa geração está a deixar marcas muito positivas a vários níveis da sociedade portuguesa.

Portanto, não posso, de forma alguma, achar que estes jovens nativos digitais estão perdidos porque não gostam da escola, porque passam horas nos equipamentos tecnológicos, ou só porque sim. O nosso papel (pais, professores e todos os educadores) é tentar entendê-los para poder ajudá-los a serem melhores utilizadores da Internet e cidadãos íntegros, consistentes, trabalhadores, corajosos…, o futuro do nosso país (e de outros). Todos lograrão atingir tais objetivos? Claro que não! Mas alguma vez assim foi (com ou sem tecnologia)?

O que mudou nas famílias com as TIC, e principalmente com a Internet?

Em qualquer mudança ou transformação existem aspetos positivos e negativos, perdas e ganhos. É assim sempre!

No que toca às famílias e aos crescimentos das crianças e jovens, os últimos 20 anos trouxeram grandes alterações ao nível das famílias. Muitas foram as mudanças da estrutura familiar e da sua configuração, contrastando com a noção tradicional de família. Face a essas mudanças socioculturais, a forma como as crianças crescem mudou bastante e, com isso, a transmissão de valores também mudou.

As Tecnologias aparecem como mais um fator para acrescentar mais complexidade às famílias atuais. Se refletirmos com total sinceridade sobre a nossa (Pais/Mães) utilização das tecnologias no seio da família, certamente chegaremos a alguns situações em que não agimos da melhor forma, principalmente tendo a responsabilidade de sermos modelos para os nossos filhos.

Eu sei que há sempre alguns que pensarão imediatamente “Ahh.. comigo não isso não acontece”. Pois comigo acontece algumas vezes, nem sempre estou totalmente consciente da responsabilidade de dar o exemplo. Mas basta ir a um restaurante para vermos famílias a desfrutar de uma refeição com um ecrã por perto, será apenas uma exceção (ou várias)? Ou será que em casa também será assim?

As regras na família refletem-se na vida em sociedade. E é na escola que mais se sente esse impacto dessas regras (ou da ausência delas).

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fonte: https://www.focuspress.org

A utilização das TIC trouxe alterações evidentes nos comportamentos em família. Basta fazermos um esforço de regresso ao passado para percebermos como tudo mudou. Rádio, Televisão, Telefone, e mesmo o Computador, são tecnologias que não provocaram tais impactos nos comportamentos. A utilização massiva da Internet, especialmente com os smartphones/iphones, obrigaram a alterações profundas. De acordo com a psicóloga Rosário Carmona e Costa, no seu livro iAgora, esta “nova” realidade :

Provoca uma alteração na rede social da família

Antes, os relacionamentos dos elementos das famílias com a comunidade de proximidade (rede social analógica) eram limitados aos familiares, vizinhos, colegas de escola e professores, amigos de familiares. Hoje em dia, essa rede social é muito mais abrangente e, muitas vezes, fora do controlo dos responsáveis pelas crianças e jovens. Mesmo por desconhecimento, num simples jogo de smartphone, tablet ou computador, estão em contacto com um número elevado de utilizadores desconhecidos. Por isso, cada membro da família estende grandemente esta rede social, com impactos naturais na dinâmica familiar.

Os limites entre a família e o exterior alteram-se

Com a ligação à rede, os momentos, atividades e brincadeiras em família passam a ter outros protagonistas: os amigos dos filhos nas aplicações que utilizam, os amigos dos pais com telefonemas, trocas de comentários e posts nas redes sociais ou em telefonemas, dos colegas de trabalho na troca de emails em qualquer dia e a qualquer hora. A lista podia crescer, mas o certo é que os momentos de família (sem tecnologia pelo meio) são cada vez mais raros.

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Donna Green, “Family Love”

O núcleo familiar fica mais exposto e mais influenciado pelo exterior

Com uma ligação muito maior com o exterior, o nível do risco também aumenta, tanto para os mais jovens como para os adultos, individualmente, ou para os casais. A exposição ao exterior torna a estrutura familiar mais frágil e a perda da privacidade é evidente.

A comunicação da família altera-se

Apesar de a possibilidade de contacto imediato ser, aparentemente, uma segurança, o facto de as crianças e jovens poderem ser monitorizados (pelo equipamento e pelas publicações que fazem) fragiliza bastante essa segurança e pode transformar-se num risco. A utilização excessiva das tecnologias também está a trazer problemas ao nível da comunicação direta, cara-a-cara. Muitas vezes, sente-se alguma frustração por expetativa de que o outro deverá estar sempre disponível e contactável, quando tal nem sempre é possível.

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É, portanto, muito importante compreender e aceitar que estes factos não são o fim da linha, apenas indicadores para que as famílias definam as “regras do jogo” de forma muito clara. Sem a expetativa de que vai ser como dantes, isso não será possível. Possível será observar comportamentos, definir estratégias e aplicá-las de forma consistente para que possam surgir resultados positivos e saudáveis. Devemos estar muito atentos.

Se não for agora, poderá ser no momento em que comecem a surgir sintomas evidentes de Dependência Digital em algum elemento da família. Com a “porta arrombada” talvez surja o tal “abanão” necessário para a consciencialização forçada.

A culpa nunca é das crianças ou dos jovens. Eles precisam de Pais, Educadores e Professores saudáveis, consistentes e Informados.

Curiosamente, ou por maldição, a solução pode até começar na Internet!

A família e a Escola têm de ser parceiros, nunca inimigos. Para refletir, sem julgamentos.

Imagens utilizadas no artigo (originais e adaptadas) retiradas de Pixabay e Pexels, com utilização de acordo com as licenças disponibilizadas.

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