Qual é o teu nível de Competências Digitais?
Será que estamos na era das Literacias?
Depois de uma semana em que se comemorou Segurança na Internet, muitas foram as notícias e artigos com referência à importância da Literacia Digital.
Tens reparado que nos últimos anos temos assistido a uma crescente referência às Literacias?
Afinal, o que é uma Literacia?
Para começar, fiz o que há 20 anos não seria possível. Através da Internet, acedi a um dos muitos dicionários online (neste caso usei o Infopédia) para procurar o significado de Literacia, eis o resultado:
A Literacia está associada às capacidades humanas de ler e escrever que, consequentemente, poderão permitir o desenvolvimento de competências para entender e aplicar conhecimentos no meio envolvente. É algo contextual, associado a uma prática social que nos permite viver e conviver.
Portanto, as literacias podem estar associadas a tudo o que fazemos na vida (profissional, pessoal, relacionamentos, social, etc…), referindo-se às competências que temos para fazer coisas.
Nos últimos anos são muitos os documentos orientadores que apontam para o trabalho das várias Literacias (também na escola), logo, imagino que já te tenhas cruzado com algumas das seguintes referências:
Há quem afirme, e eu quero acreditar, que podemos entrar em breve na Era da Humanidade ou da Humanização. Mas, o mais evidente é que vivemos na Era da Informação (do conhecimento e da comunicação) em formato digital. A Literacia Digital transformou-se numa prioridade para todos os que estão em contacto com as tecnologias.
Por esse motivo, partindo do pressuposto de que existe uma grande percentagem de pessoas que correm o risco de serem excluídos digitalmente por não terem as competências básicas essenciais para poder utilizar com qualidade e segurança todas as potencialidades do Mundo Digital, constata-se que a situação se pode agravar bastante no mercado de trabalho num futuro próximo.
Está a tornar-se um problema para a economia e para a produtividade! Existem algumas preocupações sobre esta matéria e, por isso, são vários os Programas, Projetos e Estratégias (europeus e nacionais) criados na tentativa de minimizar o risco de exclusão e consequente criação (ou aumento) de desigualdades, mas sobretudo para que exista mão de obra qualificada.
E a Literacia Digital nas Escolas?
Na educação, a base para os futuros ativos no mercado de trabalho, estas competências tornaram-se, também, prioritárias.
A grande maioria dos nossos alunos são nativos digitais, sempre conviveram com a tecnologias, que são quase omnipresentes. Para eles, o facto de não existir tecnologia num determinado local é algo estranho, raro. Vemos isso, por exemplo, quando não existe rede num determinado local, parece até que lhes falta o ar. Algumas pessoas consideram dependência, e realmente há casos em que isso acontece, mas na maioria é apenas algo normal.
Lembra-te que eles (crianças e jovens) não pensam, nem agem como nós, nem a tal são obrigados!
De qualquer forma, apesar deste contacto e convívio muito próximo com as tecnologias, é visível que uma grande parte dos alunos não revela competências para as utilizar de forma eficaz e consciente.
Com o objetivo de tentar trabalhar e desenvolver Competências Digitais foram lançadas nos últimos anos várias iniciativas nacionais. A homologação do Perfil do Aluno à saída da Escolaridade Obrigatória, tornou possível integrá-las transversalmente. Para além disso, o Ministério da Educação, em parceria com outras entidades, estão a desenvolver diversos projetos de apoio às escolas. A Rede de Bibliotecas Escolares tem, por exemplo, no seu referencial “Aprender com a BE”, várias orientações para que sejam dinamizadas ações junto dos alunos a fim de desenvolver várias Literacias, algumas na área do Digital e dos Média. Mas existem muitas outras iniciativas com essa intenção. Deixo-vos 4 exemplos:
Quanto aos professores, que têm um papel decisivo na divulgação e implementação das iniciativas para os alunos, também necessitam de desenvolver Competências Digitais.
Nos últimos 20 anos já foram publicados vários documentos para professores, com atualização e revisão das competências mais importantes. Algumas iniciativas do Ministério da Educação acabaram por não ter o impacto desejado. Por exemplo, a Certificação de Competências TIC lançada por altura do Plano Tecnológico da Educação (2007-2010), quase não passou da primeira fase. As prioridades de formação alteraram-se e a maioria dos professores ficou-se pelo Nível 1 dessas Competências (dos 3 níveis previstos na altura).
Um dos mais recentes documentos é o Quadro Europeu de Competência Digital para Educadores (2018). Este documento prevê e fornece ferramentas para que, antes de mais, os professores e educadores consigam perceber o qual o seu Perfil de Competências Digitais, e que elaborem o seu plano estratégico de aprendizagens.
Se estiveres interessado em saber qual o teu Perfil Digital podes responder a um questionário da União Europeia. No final o questionário devolve-te a categoria onde te posicionas a este nível. Preenche o questionário e, no final, saberás o resultado.
Quase a finalizar, não poderia deixar de analisar uma referência a um mito que muitas vezes oiço de um ou outro colega: “Isto são competências para os professores de informática!”. Não posso aceitar esta afirmação.
A Literacia Digital trata de um conjunto de competências transversais que, na escola, deverão ser utilizadas e trabalhadas com os alunos, e são da responsabilidade de todos os professores. Apesar de estas habilidades utilizarem os computadores (PC, Portátil, Smartphone, tablet, entre outros), o conhecimento da sua rentabilização cabe-nos a todos. Os professores de informática têm outras competências dentro das sua área de conhecimento (Programação, Sistemas Operativos, Hardware, Webdesign, Multimédia, Arquitetura de computadores, Redes de computadores, entre outras) e deverão ter, também, o domínio da Literacia Digital.
Portanto, existem várias formas de podermos melhorar as nossas competências digitais para que possamos participar de forma mais ativa na escola e na Internet, sempre de forma consciente, num acto de cidadania.
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