Literacia digital – DigCompEdu #1 – O Quadro
Voltando a um tema já abordado no artigo “Qual é o teu nível de competências digitais?”, irei tentar sintetizar o Quadro Europeu para as Competências Digitais dos Educadores.
Nesta “entrada rápida” na Era Digital surgem muitas dúvidas e ficamos sempre com a sensação de que as mudanças têm de ser imediatas porque a evolução é veloz. Mas todos temos a noção de que algumas mudanças levam o seu tempo e que devem ser avaliadas e reformuladas para que possam ser adaptadas e melhoradas.
Partindo deste pressuposto, em 2005 o Joint Research Center (JRC) iniciou uma investigação sobre Learning and Skills for the Digital Era, para tentar alertar politicamente, com base em evidências, a Comissão Europeia e todos os seus estados membros, sobre a necessidade de rentabilização e aproveitamento das potencialidades das tecnologias digitais.
Começaram a existir funcionalidades que permitem a inovação das práticas pedagógicas e que facilitam o acesso à aprendizagem ao longo da vida. De uma forma quase generalizada, para lidar com esta tecnologia passaram a ser necessárias novas competências: para ensinar, para aprender, para o emprego, para o desenvolvimento pessoal e até para a inclusão social.

Deste estudo resultaram vários documentos orientadores para os estados membros. Na área da Educação, em 2018 surgiu um quadro de referência – o DigCompEdu – que integra um plano onde descreve as competências digitais específicas para quem trabalha na área da Educação.
De uma forma simples, este documento criou uma lista de competências essenciais para que seja possível rentabilizar as ferramentas em diversas áreas, tentando que também os alunos as possam desenvolver.
As competências aparecem organizadas em 6 áreas, subdivididas em 22 competências, que se podem resumir na seguinte imagem:

Esta estrutura apresenta também uma espécie de guia para os educadores para que possam percecionar e avaliar a sua posição e evolução em cada competência. Para isso apresenta 6 níveis diferentes de progressão em cada competência, dando indicações sobre a forma de identificares as necessidades para melhorarem essa competência relativamente ao nível em que se encontram:
- A1 – Recém Chegado
- A2 – Explorador
- B1 – Integrador
- B2 – Especialista
- C1 – Líder
- C2 – Pioneiro
Para simplificar este posicionamento, existe um questionário de avaliação que devolve a tua posição ao nível das competências digitais.
A importância da Honestidade
Embandeirar o teu nível de competências não será o melhor caminho. Importa mais refletir de forma sincera, consciente e honesta sobre a forma como estamos a utilizar as tecnologias.
Em muitos momentos, quando se aborda esta temática, as respostas “Eu já uso isso” ou “Eu já faço assim” são muito frequentes. Mas é um facto que o nível de utilização efetiva das TIC em contexto de sala de aula (ou fora dela) é, ainda, muito rudimentar, e principalmente, pouco consistente e partilhado, salvo algumas boas exceções.

É muito importante investigar, assistir a partilhas de boas práticas, frequentar seminários, conferências, feiras, formações, etc… sobre inovação pedagógica (presencial ou à distância) para que possamos ter mais informação e mais exemplos de como podemos rentabilizar e envolver os alunos com as novas tecnologias.
Nem só de Digital vive a Escola
Por fim, quero deixar claro que não sou extremista nem radical no que diz respeito à utilização do formato digital na Educação. Pelo contrário, sou defensor do equilíbrio saudável entre o analógico e o digital. Mas custa-me aceitar que digam que “quanto menos digital, melhor. Porque tecnologia em excesso já os alunos têm”.
No meu ponto de vista, no meu mundo, parece-me que, apesar de entender e estar de acordo que existe uma utilização excessiva de alguns equipamentos (fruto, principalmente, de inexistência de regras em casa), na Escola o nosso papel será orientar os alunos para uma utilização correta e eficaz das tecnologias.
Para isso teremos de também saber utilizar, de ter um bom nível de Competências Digitais. Dá uma vista de olhos no Documento e responde ao Questionário.
Não podemos atirar para o lado com desculpas que não abonam a nossa responsabilidade profissional, apesar de todas as outras circunstâncias que devemos tentar mudar, lutar e defender.
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“equilíbrio saudável entre o analógico e o digital. ” Concordo perfeitamente. Como divulgadora da Língua Portuguesa quando leio vejo sempre um interesse genuíno nos alunos.. Têm necessidade de se encontrarem com eles mesmos, com as palavras através da leitura.