3 Dicas Simples para começar uma Dieta Digital
Vivemos num mundo frenético, onde os acontecimentos são extremamente velozes, em que temos, por vezes, a sensação de que estamos sempre ligados e conectados com a rede. Esta sensação que, para muitos é uma realidade, cresceu exponencialmente com a massificação dos smartphones/iphones e com a crescente oferta de aplicações e serviços preparados criteriosamente para que esta ligação se efetive e permaneça.
Por isso, é muito fácil darmo-nos conta de que gastamos demasiado tempo a olhar para os pequenos ecrãs, passando muito tempo online enquanto o mundo real passa por nós.
A sobrecarga digital é uma (triste) realidade, de tal forma que estes casos de dependência, tal como nos jogos, já podem ser considerados doença. As clínicas e terapias para a já conhecida desintoxicação digital estão a nascer e irão prosperar, seguramente.
Em alguns casos, pessoas que, por opção, decidem abandonar o mundo consumista tal como ele se está a impor a uma grande percentagem da população, alterando completamente o seu estilo de vida, a desintoxicação digital é, sem dúvida, a solução ideal. Existe, nestes casos, a opção de rotura com tudo o que é digital, tecnológico e atual. Na minha opinião esta é uma decisão corajosa e sensata, mas (aparentemente) difícil de implementar!
Mas esta não é a realidade para a grande maioria dos mortais! Portanto, parece óbvio que uma desintoxicação digital, ainda que temporária, pode parecer algo absurdo. Creio, até, que sem um enquadramento correto, poderia levar muitos à loucura.
A importância de Reconhecer o Problema
Seja qual for a opção, importa, tal como em qualquer outro tipo de doença, assumir que existe um problema, que o tempo utilizado é demasiado, que existe a sensação de que o mundo está a passar ao nosso lado. Este tem de ser o ponto de partida. Caso contrário, tudo o que se disser vai parecer anedótico.
Pertencemos às primeiras gerações que está a ter este tipo de comportamento. Não existem estudos sobre quais serão as consequências reais ao nível da saúde no futuro próximo. Estamos, de certa forma, a servir de cobaias.
E também não sabemos quais serão os resultados a longo prazo, quando a maioria das pessoas simplesmente não conseguir viver sem os smartphones/Iphones, computadores ou quaisquer outros dispositivos ligados à Internet.
É melhor começar com uma Dieta…
Numa altura em que não há certezas de nada, em vez do radicalismo da não utilização, penso que será preferível uma Dieta Digital.
Tal como em qualquer caso, sabemos que o excesso não é bom.
Com um conjunto de regras simples podemos manter-nos ligados ao digital sem que o uso seja constante ou nos interrompa constantemente. Ao fim de algum tempo será possível criar novos e melhores hábitos, podemos sentir-nos menos “culpados” pelo tempo desperdiçado e, certamente, mais produtivos.
Parece-te fácil? Olha que não, largar um vício é sempre uma tarefa árdua! Mas não perdes nada em tentar!
Agora, as 3 Sugestões…
Das muitas possibilidades, resolvi selecionar 3 Dicas que te podem ajudar a iniciar uma Dieta Digital sem grande custo.
1. Sem Acesso – Estabelecer horários onde não podes usar a tecnologia.
Como em outros casos, é aqui que começa a “dieta”. Em vez de comermos muito pão, comemos pouco.
Em vez de eliminar, podemos definir limites. Claro está que esses limites dependerão de pessoa para pessoa, consoante o nível de dependência e das suas necessidades individuais da tecnologia, a nível profissional, por exemplo.
Os períodos OFF podem ser definidos por cada um, devem ser constantes e, no caso das famílias, pode ser extensível, para que não custe tanto.
A decisão pode passar pelas primeiras horas da manhã, no momento em que faz exercício. As refeições também podem ser boas opções, tornando o contacto com o mundo real mais fácil, seja em família, com os amigos, com colegas de trabalho ou até mesmo sozinho. Há várias opiniões, por exemplo, que aconselham a que o contacto com a tecnologia, seja ela qual for, deverá parar pelo menos uma hora antes de deitar, culminando com um sono de maior qualidade.
Seja qual for a decisão, o horário ou horários que escolheres, certifica-te de cumpri-lo(s). Só assim poderás criar um novo hábito e poderás desfrutar dos resultados.
2. Sem Notificações – Evita a insanidade das notificações.
O grande problema dos ecrãs digitais é que, na maior parte dos casos, eles podem tornar-se distrações.
Por vezes, os equipamentos parecem que nos “obrigam” a estar distraídos. Para além dos smartphones/iphones, são vários os equipamentos que se interligam para que não possamos perder uma notificação.
Se tens um Smartwatch ou uma banda fit ligada ao smartphone/iphone com as notificações ativadas, então irás recebê-las em duplicado e irás ouvir um zumbido e sentir a tremedeira no teu pulso.
Mesmo sem este tipo de duplicação de notificações, é comum vermos gente a olhar constantemente para o telemóvel, a verificar se a luz intermitente (de cores diversas) indica que, finalmente, chegou algo de novo (chamada, sms, email, notícia, comentário, gosto, etc…)!
As notificações têm o condão de tornar um equipamento sempre ativo, podem até tornar-se aborrecidas. Recomenda-se, portanto, que seja feita uma gestão das notificações. Para começar, desativa as que não precisas, de todo.
Sei que haverá pessoas a pensar que “só vão ver as notificações se quiserem”. É certo, nós deveríamos ter essa disciplina, mas, se formos sinceros, não é realmente assim que acontece, pelo menos com a maioria das pessoas.
Imagina que costumas receber bastantes emails de trabalho. Se as notificações estiverem ativadas (e ligadas a um Smartwatch) é muito natural que exista a tentação de abrir a mensagem.
Se estiveres a realizar uma tarefa, ou em período de descanso, essas interrupções podem quebrar o ritmo de trabalho e o foco no que realmente seria importante.
Deves desativar essas notificações e criar um hábito de verificar o email (trabalho ou pessoal) manualmente em intervalos que façam sentido em termos de atualização.
O exemplo das notificações do email aplica-se a todas as outras notificações ativas no teu smarphone.
3. Faz uma reflexão sobre as Redes Sociais. Já.
As redes sociais existem porque existem utilizadores fiéis. É também um facto que as Redes Sociais são um negócio bastante rentável. E, naturalmente, para que esta relação se mantenha é importante criar mecanismos que incentivem uma utilização crescente, e isso é possível de diversas formas, muito estudadas pelos gurus do Marketing.
Por tudo isto, é normal que em algum momento te sintas “sugado” por alguma Rede Social. O nosso cérebro é muitas vezes “caçado” por motivos pouco produtivos, engendrados por tipologias de aplicações preparadas para esse efeito.
Não sou contra as Redes Sociais, pelo contrário, na sua essência está uma lógica de aproximação entre pessoas que estão longe geograficamente, da criação virtual de uma rede de amigos e família. O problema está na forma e conteúdo muitas vezes usados nestas plataformas. Conteúdos que, ao fim e ao cabo, conseguem enredar pessoas que não conseguem equilibrar este uso, “gastando” centenas de horas de forma improdutiva.
Sem aprofundar um tema importante, refiro que também é fundamental percebermos o que realmente é publicável nestes espaços pouco privados. Existem já vários indícios e estudos sobre a influência das Redes Sociais nos níveis de ansiedade, de stress ou de autoconfiança.
Tal como foi referido para os emails, notificações e uso de equipamentos, é importante que na gestão da utilização destas Redes Sociais, se consigam definir horários específicos durante o dia.
Devemos ser inteligentes na gestão do nosso tempo para que o consigamos alocar para tarefas que realmente nos ajudam a cumprir objetivos.
O segredo é sempre o equilíbrio.
Das muitas possibilidades que podiam ser destacadas, escolhi apenas 3 dicas “relativamente” simples para que possas iniciar uma redução de utilização de ecrãs, se realmente sentires que é positivo e necessário.
São vários os sinais de que a nossa sociedade (refiro-me aos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento) está a ficar muito dependente dos pequenos ecrãs. É preciso estar alerta para que possamos entender os sintomas dessa dependência, assumir que está a começar a ser um problema. Só assim podemos passar para a fase seguinte.
E com isto não estou a banalizar, criticar ou menosprezar as Tecnologias. Apenas a referir que não nos podem dominar, que devemos manter o equilíbrio com a vida real, a importante ligação com a natureza e com todas as pessoas que mais gostamos.
Sem esta harmonia será impossível desfrutarmos dos benefícios evidentes desta evolução.
Pensa nisto!
Créditos da imagem de destaque:
Imagem de Pete Linforth por Pixabay
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